domingo, 2 de junho de 2013

O ATO DE BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL


RESUMO
Este artigo tem como objetivo refletir sobre a importância do brincar nas instituições escolares e do seu papel como instrumento de ensino e aprendizagem, visando o desenvolvimento de aspectos físicos, cognitivos e afetivos da criança. No ato de brincar a criança é levada a perceber seu mundo através de simbolismos e significados, aquelas pessoas que pensam que as crianças estão sem fazer nada neste momento, estão completamente enganadas. O brincar e o brinquedo são necessários para um bom desenvolvimento humano e social. A criança brinca da maneira que lhe agrada livre de regras, princípios e preconceitos, e assim ela vivencia situações de colaboração, trabalho em equipe e respeito. O brincar tem como conseqüência a motivação, prazer, felicidade e motiva a ultrapassar seus próprios limites. O jogo e a brincadeira são situações que leva a desenvolver potencialidades, pois ela compara, analisa, nomeia, mede, associa, classifica, compõe, conceitua, cria e resolve pequenos problemas, possibilitando a construção e a ampliação dos conceitos das mais variadas áreas do conhecimento. Assim, o brincar assume papel didático podendo ser explorado no processo educativo. É por isso que o presente estudo pretende colaborar com a discussão e reflexão sobre a importância do brincar e da brincadeira no desenvolvimento infantil, como ferramentas pedagógicas que auxiliam o educador no processo de ensino e aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: brincar; criança; educador.











INTRODUÇÃO
O tema abordado neste artigo tem como objetivo servir de apoio para uma análise sobre a educação lúdica e o brinquedo, o mesmo, poderá ser usado um para muitos questionamentos e reflexões sobre o ato de brincar no processo de desenvolvimento da educação infantil.
Pode-se afirmar que o brincar é uma atividade fundamental para o desenvolvimento e a educação da criança. É por meio da brincadeira que a criança tem a oportunidade de exercitar algumas funções como, por exemplo: experimentar desafios, conhecer o mundo de maneira natural e espontânea.
O lúdico ajuda a construir o conhecimento, levando a viver situações em que as crianças podem expressar diferentes sentimentos, e conseqüentemente aceitar a existência do outro.
 Através de brincadeiras, que é também uma forma de auto-expressão, ela cria um mundo imaginário repleto de simbolismos e significado, onde ela pode expressar suas angústias e desejos, compreendendo de uma maneira um pouco mais clara o meio em que está inserida. É o brinquedo e a brincadeira que traduzem o mundo para a realidade infantil, possibilitando a criança desenvolver sua inteligência, sensibilidade, habilidades e criatividade.
Percebe-se que a função de criar condições para o brincar está, aos poucos, sendo transferida do núcleo familiar para as escolas. A brincadeira é uma linguagem natural da criança e por isso é importante que esteja presente na escola desde a educação infantil, para que o aluno possa se expressar através das atividades lúdicas. São consideradas atividades lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, enfim todas as atividades que mantenham a espontaneidade das crianças.
Mas nos questionamos se o brincar é entendido e valorizado, especialmente pelos responsáveis pela educação das crianças? Esses profissionais da educação oferecem tempo e oportunidades para o brincar? Tentar compreender estas questões torna-se um objetivo a ser alcançado durante a realização deste artigo.
No decorrer do processo de desenvolvimento de uma criança, o brincar irá passar por inúmeras transformações, inclusive no conteúdo das brincadeiras. Essas transformações ocorrem devido às etapas que ela percorre para seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional.
O brincar é o “trabalho” da criança e é por meio de suas conquistas que ela afirma seu ser, proclama seu poder, sua autonomia, compreende e assimila regras e padrões. A brincadeira é aceita como uma atividade livre e espontânea, mas ela não é natural, pois é uma atividade criada pela cultura humana.
Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas e ansiedades. Por isso é importante prever muito tempo e espaço para a realização desta atividade.
Na escola, é necessário que haja uma postura consciente e sistematizada, por parte dos envolvidos na educação, na condução do brincar da criança, pois a brincadeira deve ser levada a sério, já que é muito importante para o desenvolvimento e crescimento de um ser humano.
As brincadeiras devem ter diferentes objetivos como, por exemplo: a interação, a socialização, desfazer preconceitos e incentivar a lideranças.
A realização desta pesquisa ganha mais importância na proporção em que se pode contribuir para análise das práticas educativas, ajudando na compreensão do desenvolvimento infantil e do papel fundamental que as instituições educativas têm frente às necessidades de suas crianças.
O objetivo maior é mostrar aos profissionais envolvidos nesta prática pedagógica que as atividades lúdicas proporcionam momentos alegres e prazerosos, tanto para o educando, quanto para o educador. Procura-se também compreender como acontece o processo de ensino-aprendizado dos alunos através das brincadeiras propostas pelos professores e pelo uso dos brinquedos.

O BRINCAR E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A introdução sobre o estudo da brincadeira no cotidiano infantil iniciou-se com o educador alemão Fröebel (1782-1852), este considerava as brincadeiras como primeiro recurso para a aprendizagem, além de uma diversão e modo de criar representações do mundo concreto para melhor entendê-lo. Fröebel elaborou canções, jogos, brinquedos pedagógicos para educar, valorizando sempre a atividade manual.
O educador fundou os jardins-de-infância destinados aos menores de oito anos e defendeu uma proposta educacional que incluía atividades de cooperação e jogo.  Ele dava ênfase à liberdade da criança, e por isso chegou a ser considerado um ameaçador ao poder político alemão, levando o autoritarismo governamental, por volta de 1851, a fechar os jardins-de-infância do país. Algumas experiências educacionais para crianças pequenas foram realizadas no Brasil e em outros países, por influência de Fröebel.
     O brincar faz parte do dia-a-dia das crianças. É através do brinquedo que ela resolve a maior parte de seus conflitos e limitações. É a brincadeira que faz com que a criança expresse a sua forma de representação da realidade. É o momento em que ela dá asas a sua imaginação, ou seja, pode ser o que bem desejar ser, ora a mãe, ora o médico, ou a atriz dos cinemas, ou simplesmente ser feliz.
Segundo Bettelheim (1984) “Nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo. Sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas atividades lúdicas”.
Brincar é muito importante, pois é a linguagem secreta da criança devendo ser respeitada mesmo quando não entendemos. Neste momento ela imagina situações onde se comporta como se estivesse no mundo do adulto. Assim, enquanto brinca, seu conhecimento sobre o mundo se amplia, já que ela pode colocar-se no lugar do adulto.
Na brincadeira as crianças assumem diferentes papeis e representando de acordo com a realidade imaginada, suas ações cotidianas são substituídas pelas ações características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos. Se ela imagina ser professora, age como se fosse uma, se imagina ser um médico procura imitar as características desse profissional enquanto brinca.
 No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos adquirem outros valores e significados. Enquanto brinca ela recria e repensa o acontecimento, por isso ela sabe diferenciar quando está brincando ou não. É normal uma criança dizer: “Agora não estou brincando, agora estou falando sério”.
A brincadeira pode ter diferentes significados dependendo de quem brinca. E o brincar pode ser entendido como uma variedade de possibilidades de construção de identidade e personalidade, ou seja, o brincar das crianças será influenciado pela espontaneidade específica de cada uma delas.
A faixa etária, o desenvolvimento sócio-afetivo, os hábitos culturais são fatores que podem influenciar a ação de brincar. Porém, existem brinquedos que são aceitos por quase todos, independentemente do tamanho, da idade ou do sexo da criança. O mais importante é a criança brincar, experimentando uma grande variedade de brincadeiras ou de jogos, sem preconceitos culturais.
Conforme Vygostky (1989), não se pode definir o brinquedo como atividade que dá prazer à criança, porque existem muitas atividades que propiciam mais prazer do que o ato de brincar, como, por exemplo, chupar chupeta.
O brinquedo exerce muita influência na formação da personalidade infantil, pois ele está associado às necessidades e desejos imediatos das crianças no período da infância, ou seja, “a tendência de uma criança muito pequena é satisfazer seus desejos imediatamente” (Vygostky, 1989).
No entanto, existem alguns desejos que não são realizáveis, causando uma frustração e insatisfação muito grande na criança, e isto faz com que ela passe a resolver sua tensão, envolvendo-se em um mundo ilusório e imaginário onde os seus desejos irrealizáveis podem tornar-se realidade.
De acordo com essa perspectiva torna-se claro que o prazer derivado do brinquedo é originado pelo fato da criança poder criar uma situação imaginária, um mundo de faz-de-conta onde realiza suas vontades e resolve suas insatisfações.
Para Vygostky (1989), mesmo o brinquedo envolvendo uma situação imaginária, ele não é apenas uma atividade simbólica, porque ele de fato contém regras, induzindo a prática de comportamentos pré-estabelecidos. Esta situação imaginária é a primeira manifestação da separação da criança em relação às restrições situacionais.
 Segundo Winnicott (1990)  “As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro irão tornar seu nível básico de ação real e moralidade”. Essas aquisições irão influenciar profundamente a formação individual da criança.  
Não basta afirmarmos que o brinquedo apenas satisfaz os desejos não realizáveis, porque ele também é um meio de demonstrar e desabafar a raiva e a agressão. Assim, através do brincar, a criança tem a oportunidade de realizar e exteriorizar suas angústias, suas frustrações, suas insatisfações, seus desejos e suas realizações.
A criança se desenvolve através do lúdico, ou seja, através das brincadeiras e jogos. É por esse motivo que ela precisa brincar para poder crescer, socializar-se e desenvolver-se de maneira saudável. Segundo Piaget (1989), a maneira de a criança assimilar (transformar o meio para que este se adapte as suas necessidades) e de acomodar (mudar a si mesmo para adaptar-se ao meio) deverá ser sempre através de maneira lúdica.
Kishimoto afirma que:
“O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto lúdico. No caso da criança, o imaginário varia conforme a idade: para o pré-escolar de 3 anos, está carregado de animismo, de 5 a 6 anos, integra predominantemente elementos da realidade”.( KISHIMOTO, 200, pg. 19)
O brinquedo e as brincadeiras são umas das atividades, que se podem afirmar, pertencentes à cultura do ser humano. “A criança está inserida, desde o seu nascimento, num contexto social e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável”.(BROUGÈRE, 2000, p. 54)
Em uma perspectiva sociocultural, o brincar pode ser definido como uma maneira que as crianças têm para interpretar e assimilar os objetos, a cultura, as relações, os afetos das pessoas, enfim, o mundo a sua volta.
Os brinquedos são objetos socioculturais portadores de imagens, simbolismos, significados e funções. Esses brinquedos apresentam-se como uma reprodução do mundo adulto dirigido às crianças, e estas podem então ver e representar a realidade de um mundo adulto de forma lúdica. Ou seja, um brinquedo não é a realidade, mas uma forma de representá-la.
Pode-se dizer que os brinquedos, tanto os artesanais quanto os industrializados, tornaram-se verdadeiros mediadores entre as crianças e a sociedade, e também, entre as interações das crianças com outras crianças, facilitando a construção dos papeis sociais e dos sistemas de representação, através de sua utilização nas brincadeiras.
Considerar as brincadeiras e os brinquedos e a sua relação com a educação infantil nos levam a uma análise e reflexão sobre as práticas pedagógicas realizadas pelos profissionais da educação em contato com as crianças. Levando a pensar o quanto é importante e necessário a elaboração de um programa claro e organizado da rotina diária, do espaço, do tempo, das atividades, dos materiais, dos brinquedos, brincadeiras e jogos que são propostos nas instituições de educação infantil. Pois com as brincadeiras e jogos o espaço escolar pode-se transformar em um espaço agradável, prazeroso, permitindo ao professor alcançar sucesso em suas aulas. Por isso as brincadeiras devem acompanhar a criança desde a educação infantil. 
O brincar é muito complexo, pois opera a interpretação entre o real e o não real, oferecendo a experiência ao sujeito criança ou adulto de ser imaginário, colocando, de forma concentrada toda a sua atenção para aquela atividade, para o presente e para o relacionamento com os outros integrantes da brincadeira. Brincar é fundamental para quem precisa a todo instante, construir e transformar sua experiência, ou seja, todos nós, segundo Friedmann (1996) “É assim que o adulto diz que se brinca... cada um com olhar diferente. Mas o jogo é um só”.
É importante o profissional da educação criar espaço e tempo para jogos e tarefas, permitindo diferentes brincadeiras, intervir direta ou indiretamente na atividade, mas respeitando as diferenças de cada um. Diretamente significa ficar brincando junto, narrando os acontecimentos, fornecendo material de apoio e brinquedos convenientes, organizando cantinhos, lugares, espaços adequados e garantindo um tempo lúdico na rotina. Indiretamente significa ficar observando, contando uma história, organizando passeios, desenvolvendo projetos nas áreas que sejam de interesse das crianças.
O brincar na escola e o brincar em outras ocasiões não são totalmente iguais, porque a vida escolar é regida por várias normas e regras que devem ser obedecidas, regulando as ações e as interações entre as pessoas, é normal estas normas estarem presentes, também, nas atividades das crianças. Por isso as brincadeiras e os jogos que ocorrem nas escolas têm características próprias já que são regidas pelas normas escolares.
O brincar quando for utilizado como recurso pedagógico deverá ser visto, primeiramente, com cautela e clareza, ou seja, como uma atividade totalmente lúdica: se a atividade deixar de ser lúdica não poderá ser caracterizada como jogo ou brincadeira. Pois o brincar também influencia formação do próprio indivíduo. Incluir o jogo e a brincadeira na instituição de educação infantil tem como pressuposto servir ao desenvolvimento da criança, enquanto indivíduo, e a construção do conhecimento, que são processos intimamente interligados.
O brincar por ser uma forma de atividade humana e que tem grande predomínio na infância, encontra, assim, seu lugar de destaque no processo educativo, já que sua utilização promove o desenvolvimento psíquico, dos movimentos, acarretando o conhecimento do próprio corpo, da linguagem e da narrativa, e a aprendizagem de conteúdos de áreas específicas.
Ao observar uma brincadeira e as inter-relações entre as crianças em sua realização, o educador aprende bastante sobre seus interesses, podendo concluir o nível desenvolvimento em que elas se encontram e suas possibilidades de interatividade, sua habilidade para seguir  as regras do jogo, assim como suas experiências do cotidiano e as regras de comportamento reveladas pelo jogo de faz-de-conta.
A partir das observações durante as brincadeiras, o educador terá condições de preparar atividades pedagógicas que estejam adequadas às possibilidades e necessidades reais que as crianças necessitam naquele estágio do seu desenvolvimento. Para um educador colocar uma ação em prática, ele precisa refletir, planejar, executar para poder enfim, tirar sua conclusão através da avaliação.
É importante que a ação do educador tenha como objetivo ampliar o repertório das crianças, não só do ponto de vista lingüístico, como também do cultural. Cabe ao educador a tarefa de instigar a imaginação infantil, tornando as atividades das crianças mais ricas e mais complexas (pelas relações que gradativamente vão se estabelecendo).
O brincar da criança, não pode ser apenas uma atividade complementar a outras de natureza pedagógica, mas sim como atividades fundamentais para a constituição de sua identidade cultural, de sua personalidade, socialização e crescimento em todos os aspectos de desenvolvimento.
Além da questão pertinente às atitudes dos adultos pode-se perceber que a integração entre trabalho e brincar é, atualmente, um dos maiores desafios com os quais profissionais de educação infantil se defrontam.
Devido à riqueza de oportunidades de aprendizagem que as brincadeiras propiciam, o professor não deve desistir de utilizar esse instrumento de aprendizagem com as crianças. É importante que o professor assuma a sua função de orientador nas brincadeiras, intervindo e conduzindo o pensamento e a aprendizagem dos seus alunos. Portanto o educador tem o papel fundamental de proporcionar instrumentos e um espaço adequado (lúdico) onde a construção do conhecimento seja algo possível de ser alcançado. Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa.
Winnicott (1982) revela que é no brincar que o indivíduo criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, ou seja, qualquer que seja a atividade lúdica conduz ao encontro com a criatividade.
Só será possível ao professor ter a vontade de reservar o espaço para o brincar e aprender de seus alunos, quando ele soltar sua imaginação, conseguir fazer consigo mesmo o que faz com seus alunos, entrando no mundo das fantasias, do faz-de-conta, enfim do lúdico e do brincar, juntamente com seus alunos, construindo o saber e garantindo o enriquecimento da aprendizagem.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desse estudo sobre a importância que possui a brincadeira e o lúdico para o processo de educação infantil, pode-se afirmar que essa é uma das formas mais saudáveis de se garantir o ensino-aprendizagem das crianças, abrangendo os seus aspectos cognitivos.
Os jogos e brincadeiras proporcionam uma maior aproximação entre o educador e os seus alunos, garantindo sucesso em suas aulas, pelos momentos alegres e prazerosos vividos, situações que ajudam na formação de crianças mais felizes e compreensivas, capazes de refletir, criticar e transformar o mundo.
Como aliado das atividades lúdicas, existe o brinquedo, importante instrumento capaz de representar objetos do mundo, carregando em si diversos simbolismos e significados, sendo muito eficaz no processo de ensino e de aprendizagem, trazendo inúmeras possibilidades e direcionamentos.
Depois de toda essa análise, reconhece-se quanto o brincar é importante e necessário para a formação da criança em seus aspectos bio-psico-social-cultural. Influenciando profundamente seu lado afetivo e social.
É uma atividade que motiva, socializa, e leva a reflexão e construção do conhecimento.
As atividades lúdicas como: as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, todas as formas de expressão corporal são ferramentas extremamente eficazes no desenvolvimento da aprendizagem.                                                                                                                                                                                                                       
Espera-se que este estudo possa levar a reflexões, de forma a contribuir para que educadores, mães, pais, professores, enfim, todos envolvidos na educação escolar percebam que o brincar é uma forma vivenciar o mundo.
Conclui-se, com base nas fontes pesquisadas e dados analisados para realização deste trabalho, que cabe uma importante tarefa aos envolvidos na Educação Infantil, trata-se de uma grande responsabilidade, um ousado desafio de mudar a prática pedagógica do ensino na Educação Infantil, através da utilização de importantes instrumentos como recursos pedagógicos de promoção ao desenvolvimento integral da criança, são eles:os brinquedos, os jogos e as brincadeiras.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Celso. O jogo e a educação infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar e ouvir. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

BENJAMIN, Walter. Reflexões: A criança, o brinquedo, a educação. São Paulo, Summus, 1984

BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho, São Paulo, Artmed, 1984. 358p.

BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998

FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender; resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. 128 p.

KISHIMOTO, T.M. (Org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 4. Ed. São Paulo: Cortez, 2000, 183p.

PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1969.

PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

VYGOSTKY, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 2. Ed. Porto Alegre: Martins Fontes, 1988. 168p.

WAJSKOP, G. Brincar na pré-escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.      

WINNICOTT, D. W.  O brincar e a realidade. Imago, R, 1975.
  

WINNICOTT, D. W. A criança e o seu mundo. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982. 270p.

Uso real e idealizado da língua

A maior parte dos professores já percebeu que não é com frases ou orações que devem ser utilizada para o estudo e ensino da língua, mas sim com textos, pois segundo Neves (2003, p. 80), “a gramática acionada naturalmente pelo falante de uma língua para organizar sua linguagem não se limita à estrutura de uma oração ou de um período”.
Deve haver algumas bases para o ensino da gramática nas aulas de Língua Portuguesa como a seleção de textos, explicitação de conteúdos e até avaliações, sempre voltados para o uso real da língua.
A partir do texto que se devem surgir os temas e os exercícios que serão trabalhados, pois devem ser feitos com base na produção linguística realizada, e assim estudar o uso real da língua.
Nesse efetivo trabalho com os textos, devem ser levadas em conta as variações linguísticas, refletindo sobre a língua padrão e as formas não-padrão. Como resultado de uma reflexão bem conduzida, os alunos perceberão a realidade de sua língua, e vão deixar de pensar que a língua ensinada na escola não é sua, ou que as pessoas de sua comunidade falam errado.
Para refletir sobre a língua, o professor deve partir do uso real da língua para o uso padrão, como defende Neves (2003, p. 22), “se queremos estudar a língua padrão, temos que ir da língua para o padrão”.
Um dos objetivos do ensino da língua portuguesa na escola deve ser a discussão critica dos valores sociais que são atribuídos a cada variante lingüística, deixando em destaque a considerável discriminação existente sobre determinados usos da língua, de forma que leve à conscientização dos alunos de que a sua produção lingüística, seja a oral ou a escrita, sempre estará sempre sujeita a uma avaliação social.
O professor deve apresentar atividades que levem a discussões, reflexões, investigações, análises sobre os fenômenos lingüísticos, pois assim eles estarão estudando a língua que falam e escrevem, e não uma língua idealizada que só existe nos manuais. Isso fará com que deixem de ser alunos passivos, e passem a ser alunos ativos, sujeitos agentes da própria aprendizagem.
Ao se encontrar a forma não-padrão na produção oral e escrita de nossos alunos, por exemplo, pode ser oferecida a eles a opção de “transformar ” seus enunciados na forma prestigiosa da língua, levando-os a tomarem consciência da existência das normas gramaticais. Não se pode negar a eles o conhecimento de todas as opções possíveis e cabe a ele, usuário da língua e conhecedor das opções de seu idioma, fazer suas escolhas para essa “transformação” do enunciado.
Para a realização dessa tarefa, o professor precisa conhecer a ciência lingüística,  oferecendo assim, uma análise mais criteriosa dos fenômenos de variação e mudança lingüística. Ele precisa saber reconhecer os fenômenos lingüísticos que ocorrem em sala de aula, reconhecer o perfil sociolingüístico de seus alunos para, junto com eles, empreender uma educação em língua materna que leve em conta o grande saber lingüístico prévio dos aprendizes e que possibilite a ampliação incessante do seu repertório verbal e de sua competência comunicativa, na construção de relações sociais permeadas pela linguagem cada vez mais democráticas e não-discriminadoras.
Para essa prática reflexiva da língua, o professor precisa reconhecer que a gramática não possui normas rígidas de aplicação, pois a língua é viva e variável. Por isso não faz sentido que a gramática se reduza ao ensino através das atividades de memorização, de apresentação e imitação de moldes e modelos.
Os professores de língua portuguesa devem repensar sua prática docente, principalmente com relação ao ensino de gramática. Deve procurar usar textos que sirvam de reflexão sobre a língua em funcionamento, e não apenas sobre “uma estrutura fixa e acabada”, observando os esquemas linguísticos dos interlocutores e seus papéis sociais durante a interlocução, que revelam intenções comunicativas.
 Segundo Mendonça (2006, p.201-202) , “muitos professores não encontram outra razão para ensinar o que ensinam nas aulas de gramática, a não ser a força da tradição, revelando uma prática docente alienada de seus propósitos mais básicos”. Mas cabe aos professores mudarem essa prática, através da compreensão e da aceitação de que o estudo da gramática só faz sentido quando está sendo feito com base em textos situados em práticas sócio-históricas de uso da língua.






Referência Bibliográfica:
NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola? Norma e uso na língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2003.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso. Disponível em <file:///D:/disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20setembro/Nada%20na%20l%C3%ADngua%20%C3%A9%20por%20acaso%20%C2%AB%20Marcos%20Bagno.htm>. Acesso em 8 set 2012.

O mangueabeat e a hipermídia


O conceito de hipermídia apresenta várias interpretações, uma delas é a apresentação simultânea de um conjunto de textos, imagens, vídeos, sons de maneira interativa e não linear. É um meio e linguagem das [BN1] novas mídias, considerada como um novo espaço do hipertexto, que inclui informação não especificamente textual, mas também representações de imagem, animação, vídeo e som.” A sua utilização torna mais flexível e atrativo a representação do conteúdo didático, por isso é fundamental o seu uso na educação. Nesse contexto, será mostrado um possível projeto escolar com o tema Manguebeat através de recursos digitais hipermidiáticos.
No meio digital, a multimodalidade alia-se à interatividade e à hipertextualidade, sobre as quais já falamos. A essa reunião damos o nome de hipermodalidade e dizemos que, assim como a hipertextualidade está para o hipertexto, a hipermodalidade está para a hipermídia. A hipermídia, como o prefixo ‘hiper’ já diz, não é ‘mais uma mídia’, apenas. Ela pode vir a conter e combinar conteúdos oriundos de quaisquer mídias, desde que devidamente digitalizados. Além disso, a hipermídia facilita a mistura de gêneros multimodais entre si, como é o caso do videogame, que, em parte, aproveita convenções do cinema (digital), ou de músicas de gêneros diferentes, que aproveitam a portabilidade dos arquivos digitais de música para combiná-los fazendo remixes e mash ups. (Braga; Buzato, 2011, p. 6/8, TM2_Tp2_LP005)

O movimento musical Manguebeat trata-se de uma mistura ritmos regionais, como o maracatu, com rock, hip-hop, funk e música eletrônica, que tinha por objetivo formar uma cena musical tão rica e diversificada como os manguezais. A agitação desse movimento musical influenciou o cinema, a moda e as artes plásticas e tem como críticas o abandono econômico-social do mangue, da desigualdade de Recife. Para estudar esse movimento, a música “Antene-se”, de Chico Science, pode ser uma boa representação dessa diversidade cultural, possibilitando o diálogo interdisciplinar. Essa música é apresentada em um vídeo com uma rica utilização de recursos hipermodais. A utilização desse recurso digital, em um projeto escolar, seria interessante na aprendizagem dos alunos.
Os gêneros digitais estão em conexão com a leitura e escrita, e inseridos em um ambiente específico, a Web. Existe uma variedade de gêneros digitais, eles quase sempre provocam estranhezas, por usar a linguagem não padrão, então, pode-se afirmar que apresentam transformações com relação às práticas de leitura e escrita, e isso provoca inquietação entre os docentes, e muitas vezes nem aparecem nos livros didáticos. Apesar deles já fazerem parte da sociedade, a inclusão destes no livro didático, acompanhada de um tratamento pedagógico adequado, ainda significa um desafio, devido à postura de muitos educadores em relação ao mundo digital.
Mas esse receio de utilização dos recursos digitais hipermidiáticos deve ser deixado de lado, para que os alunos possam utilizar a cultura digital como crescimento pessoal e desenvolvimento da sociedade. O trabalho pode ser iniciado a partir de questões: o que é manguebeat, que estilo musical é veiculado no movimento, quem foi Chico Science, o que foi a Nação Zumbi, como e por que foi consolidado o movimento manguebeat. Propor a leitura de textos sobre o movimento, criar um glossário básico, explicando alguns verbetes dos textos, da música e os símbolos presentes no vídeo manguebeat. Por exemplo: Antena parabólica: simbolizava que a divulgação da música estava pelo mundo. O caranguejo com cérebro: representa os moradores do mangue com inteligência e pensamentos. Chico Science: nome artístico do vocalista de banda Nação Zumbi. Science significava que ele fazia muitas experiências com as músicas. Mangue: tipo de ecossistema comum em Recife, onde vivem caranguejos e árvores na lama. Manguebeat: música pernambucana caracterizada pela mistura de ritmos.
Deve-se apreciar a música e o vídeo, percebendo os elementos musicais: ritmos, melodias, discurso musical, grupo instrumental. A letra apresenta um caráter de protesto, de denúncia da realidade precária em vive a população das classes populares. Ém uma aula de pesquisa no laboratório de informática da escola, poderão visitar páginas da internet sobre o tema. Descobrirão que manguebeat trata-se de um movimento musical que nasceu na década de 90 entre jovens estudantes na cidade de Recife. O grupo buscava construir música popular brasileira, tentando mesclar elementos musicais da cultura pernambucana com Rock, os ritmos africanos, tecnologia dos computadores. Por ser uma nova proposta, chamou a atenção da mídia, tornando-se porta do sucesso e divulgação tanto em esfera nacional como internacional.
Para finalizar esse trabalho, nas aulas seguintes os alunos poderão produzir um texto escrito caracterizado como protesto, com tema do cotidiano deles: juventude, preconceitos, desemprego e a própria realidade da escola. O texto deverá ser escrito a partir da percepção crítica da realidade. A música e o vídeo contribuirão para: diálogo, motivação para pesquisa, valorização do outro, oportunidade de crescimento individual e coletivo, expressão através da linguagem oral e escrita.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Science, C; Antene-se Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=WaEOqBKUVVw. Acesso em: 24 set. 2012. Duração: 4:26.

BRAGA, D. B..  Letramento na Internet: o que mudou e como tais mudanças podem afetar a linguagem, o ensino e o acesso social. In: KLEIMAN, A. B.

BUZATO, M. E. K. Letramentos multimodais críticos: contornos e possibilidades. Crop (FFLCH/USP), v. 12, 2007. Pp. 108-144.

TRIGUEIRO,O.M. A espetacularização das culturas populares ou produtos culturais folkmidiáticos., 2005.



 [BN1]As aspas indicam citação? 

A utilidade do conceito de gramática internalizada na escola

A partir de seis ou sete anos, qualquer a criança é capaz de entender e produzir qualquer tipo de enunciado, pois já domina intuitivamente o sistema de regras da sua língua. Aprender a falar ou a dominar o código verbal são capacidades que são adquiridas naturalmente, no processo de aquisição da linguagem. A Gramática internalizada é um conjunto de regras que o falante domina, é uma capacidade linguística inata, mesmo na infância, já se têm conhecimento da língua, pois faz uso dela para pensar, comunicar, relacionar-se com o mundo, já sabe antes de ir para a escola, trata-se de um conhecimento adquirido na comunidade em que se vive e que não depende da própria escolha:  
 “Não foi por escolha nossa que adquirimos o idioma que falamos: ele simplesmente se desenvolveu [brotou e cresceu] em nossa mente em virtude de nossa constituição interior e do meio ambiente em que vivemos. [...] para cada um de nós, a língua se desenvolve em consequência de nossa constituição atual, quando somos colocados no meio ambiente apropriado.” (Chomsky 1981:18-9).
Todo falante do português possui sua gramática internalizada que rejeita estruturas agramaticais (ex: ao cinema foi João ontem), e essa capacidade não foi na escola que ele adquiriu, mas foi adquirida naturalmente. Como as pessoas conhecem intuitivamente o sistema de regras da língua que falam, cabe, portanto, à escola aprimorar essa linguagem, como  forma de abrir possibilidades de conhecimentos aos alunos. O papel do professor de Língua  Portuguesa é valorizar a leitura, a redação tornando-as práticas constantes, proporcionando a eles a descoberta e reflexão de sua gramática internalizada, assim poderão organizar e analisar as regras da língua. É preciso refletir a gramática, pois segundo Luft (1995:53):
[As aulas de linguagem não devem ser] “treinamento forçado, carregamento de fora para dentro, mas criação de condições e estímulo para que se liberem capacidades internas inatas. O falante, exposto a modelos de um ou de outro nível, um ou outro dialeto, um ou outro conjunto de variantes, exercita-se e cresce linguisticamente, ao natural, sem necessidade alguma de enunciar ou decorar regras que apenas o confundem e tornam esse processo ineficaz, frustrante.” (Luft 1995:53) 
O professor de português precisa estimular esse conhecimento, provocando a exteriorização da gramática internalizada. Uma das maneiras de possibilitar essa exteriorização é a comparação entre as variedades linguísticas, para perceber outras estruturas linguísticas e aceitá-las como possíveis. Para envolver os alunos na reflexão da língua, é necessário que eles deixem de ser sujeitos passivos e tenham uma participação ativa no processo de ensino-aprendizagem, através de criação de projetos de pesquisa em sala de aula a fim de que possam descrever a gramática que já dominam.
Para desenvolver a competência comunicativa dos falantes da língua, é necessário trabalhar a pluralidade dos discursos, ou seja, a variação linguística. A postura do professor deve ser descritiva e não normativa e as regras gramaticais internalizadas pelos falantes devem ser colocadas em uso no funcionamento da língua. A língua padrão não deve ser reconhecida como a correta, mas como adequada a determinadas situações, da mesma forma a língua popular é perfeitamente adequada a algumas situações e inadequadas a outras. Essas reflexões são necessárias para que os alunos analisem a forma gramatical e adéquem à situação de comunicação.
Ainda sobre a gramática da língua interiorizada, segundo Kato, o estudo da teoria gramatical tem:
“finalidade de levar o aprendiz a pensar, a raciocinar, a descobrir conceitos novos significativos e psicologicamente motivados, isto é, conceitos que passem realmente a integrar os esquemas prévios do aluno e o auxiliem a entender cada vez melhor o sistema subjacente à sua língua” (Kato 1988:13-14).
Portanto, os exercícios de análise sintática, com frases soltas, desligadas de contextos pouco contribuem para que o aluno compreenda o real papel daqueles termos no funcionamento da língua. A Gramática Normativa deve dar lugar a uma forma diferente de tratar o texto e a língua. As aulas de língua materna devem dar prioridade à produção textual, leitura e interpretação de uma vasta variedade de gêneros textuais. Atividades que levem à reflexão são mais eficientes e satisfatórias do que decorar regras, que ditam "erros" e "acertos". Assim, a escola formará alunos capacitados como leitores, e que poderão produzir qualquer tipo de texto.
Referência Bibliográfica:
CHOMSKY, N. (1981) Lectures on government and binding[BN1] . Dordrecht: Foris.  O ano de publicação deve vir no final da referência
LUFT, C. (1995) Língua e Liberdade. São Paulo : Ática. O ano da publicação deve vir no final da referência.
KATO, M. A. A conceitualização gramatical na história, na aquisição e na escola. Trabalhos em linguística aplicada, Campinas, n.12, 13-22, jul./dez.1988.


 [BN1]Faltou acrescentar quem foi o tradutor da citação, pois você citou o texto em português.