terça-feira, 30 de abril de 2013

Análise da reportagem “Por que não vivemos para sempre?”


Os textos verbais resultam de estratégias específicas de textualização, ao fazer uma leitura nota-se a sua natureza multissemiótica. As multissemioses são os recursos inseridos dentro do texto, ou seja, suas diversas linguagens como: escrita, cores, imagens (estáticas ou em movimento), gráficos, intertextualidades. A forma de organização textual interna dos textos contribui para a sua construção dos sentidos, portanto todo texto apresenta manifestação multissemiótica.
Na reportagem “Por que não vivemos para sempre?”, texto que circula na esfera digital, pode-se perceber várias características de natureza semiótica, entre elas os recursos verbais e visuais. Na primeira leitura, o receptor percebe tratar-se de uma reportagem de divulgação científica por estar publicada em uma das revistas mais importantes desse domínio social de comunicação, a Scientific American, e também pelo seu vocabulário de natureza científica (palavras como: pesquisadores, laboratórios, legado genético, DNA, célula, medicina, ciência, entre outros). 
A reportagem analisada foi produzida no domínio da transmissão e construção de saberes, sendo a principal ação de linguagem desempenhada nesse domínio: a exposição de um determinado conteúdo. O conteúdo foi apresentado em cinco partes.
No início do texto o autor, Thomas Kirkwood, apresenta mais explicitamente o seu ponto de vista sobre o tema, levantando algumas questões sobre o que se deve pensar sobre o fim da vida. Esses questionamentos são importantes porque, segundo o autor, “é saudável fazer essas perguntas, ao menos de vez em quando, e definir corretamente os objetivos da política e pesquisas médicas.
O texto também é enriquecido com relatos, um deles é quando o autor busca apresentar como diferentes grupos têm lidado com o processo de envelhecimento e, consequentemente, com a ideia da morte, Thomas Kirkwood relatou que: nossos ancestrais lidavam melhor com a morte, porque a viam com muito mais frequência. Há 100 anos, a expectativa de vida no Ocidente era 25 anos mais curta que hoje, resultado de muitas crianças e jovens adultos morrerem prematuramente.
No segundo relato, Thomas Kirkwood mostra como crianças refletem sobre a morte:
 Há alguns anos, enquanto dirigia com minha família pela África, uma cabra pega sob as rodas do nosso veículo morreu na hora. Quando expliquei à minha filha de 6 anos o que acabara de acontecer, ela perguntou: “A cabra era jovem ou velha?”. Fiquei curioso sobre a razão daquela dúvida. “Se ela estava velha, não é triste, porque não teria mais muito tempo para viver, de qualquer jeito”, foi a resposta. Fiquei impressionado. Se atitudes tão sofisticadas quanto à morte se formam tão cedo, não surpreende que a ciência lute para aceitar a realidade de que a maior parte do que sabíamos sobre o envelhecimento está errado. 
O texto, em um dos parágrafos, ainda apresenta uma descrição sobre o que acontece com o nosso corpo quando morremos:
Para explorar o pensamento atual sobre o que controla o envelhecimento, vamos começar imaginando um corpo no final da vida. O último suspiro é dado, a morte chega e a vida acaba. Nesse momento, a maioria das células está viva. Sem saber o que acaba de acontecer, elas conduzem, tão bem quanto possível, os processos metabólicos que suportam a vida – usando o oxigênio e os nutrientes à sua volta para gerar a energia necessária à síntese de proteínas e outros componentes celulares e ao suporte a suas atividades (a principal atividade das células). Em pouco tempo, privadas de oxigênio, as células morrem e, com isso, algo imensamente antigo chega a seu fim silencioso.
A reportagem também apresenta várias intertextualidades, na terceira parte, “evolução por adaptação”, o autor afirma que “sob a intensa pressão da seleção natural, as espécies acabam priorizando o investimento em crescimento e reprodução , o trecho citado faz referência à teoria da seleção natural de Charles Darwin. Segundo Darwin, “os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descendentes .
A última parte do texto mostra que através dos estudos espera-se encontrar novas drogas capazes de combater as doenças relacionadas à idade, assim, encurtar o período de doenças crônicas experimentado no final da vida. Esse trecho pode ser relacionado ao filme “Cocoon: The Return”, uma ficção científica na qual um grupo de idosos partiu para o planeta Antarea, uma utopia alienígena onde as pessoas vivem para sempre livres de doença e da dor. A velhice perfeita do filme é uma verdadeira utopia, mas ciência do envelhecimento pode melhorar essa fase humana, pois segundo a reportagem “melhorar o fim da vida é um desafio, talvez o maior ainda a ser encarado pela ciência médica”, e para completar com uma ideia positiva, Thomas Kirkwood afirma que “podemos e iremos desenvolver tratamentos para facilitar nossos últimos anos”.


  Referência Bibliográfica:







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