terça-feira, 30 de abril de 2013

O ensino de gêneros orais



Uma das tarefas mais cobradas dos professores de hoje é o trabalho com gêneros textuais. Nesse trabalho, é de extrema importância o processo de ensino e aprendizagem dos gêneros orais formais públicos, pois eles são um dos mais poderosos instrumentos de inserção social e de exercício da cidadania.

Os gêneros orais formais públicos apresentam uma natureza multissemiótica, pois envolvem muitos recursos ao mesmo tempo, como por exemplo: a gestualidade, olhar, movimentação do corpo e expressividade facial. Um mesmo gênero oral formal público pode apresentar formatos variados, e ainda é possível perceber os recursos de estruturação textual e de estruturação semântico-discursiva que, aparentemente, são pouco estruturados.

 Dolz e Schneuwly (1998) descrevem uma experiência que foi realizada na Suíça para a prática de ensino da expressão oral e escrita na escola. Os autores comentam sobre a progressão (componente do currículo), ou seja, a organização temporal do ensino que objetiva a aprendizagem, procuram demonstrar que o professor precisa definir a sequência de atividades, as finalidades e as etapas a serem seguidas para que os alunos progridam e alcancem aprendizagem desejada.

Os autores organizaram uma progressão do ensino constituída com base no agrupamento de gêneros, levando em conta as diferentes possibilidades de operações de linguagem. Procuraram construir com os alunos, instrumentos que levassem ao desenvolvimento das capacidades necessárias para a apropriação dos gêneros agrupados.


            De acordo com Schneuwly e Dolz (1998) ), qualquer introdução de um gênero na escola é o resultado de uma decisão didática, possuindo objetivos precisos de aprendizagem, que são divididos entre dois tipos: trata-se de aprender a dominar o gênero para melhor conhecê-lo ou apreciá-lo, para melhor saber compreendê-lo, para melhor produzi-lo na escola ou fora dela, e, em segundo lugar, de desenvolver capacidades que ultrapassam o gênero e que são transferíveis para outros gêneros próximos ou distantes.

Os autores desenvolveram um modelo didático da “exposição oral” (seminário), explicando, selecionando e descrevendo suas características, seus conteúdos e objetivos de ensino. Foram apresentadas duas possíveis sequências didáticas do gênero “exposição oral” para séries/ciclos diferentes. Eles sugeriram a utilização de sequências didáticas, que foram elaborados para melhorar as práticas de linguagem, portanto, fundamentais para o processo de apropriação dos gêneros.

Foi proposto que se deve trabalhar baseado na observação do exemplar do gênero em questão; sistematização de suas principais características; compreensão dos fatores que possibilitam sua compreensão (intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade); conhecimentos prévios dos alunos sobre o gênero; produção do gênero na sala de aula.

Portanto, para o ensino de gêneros orais formais públicos, é necessário observar e procurar compreender, para poder ensinar, como a sua natureza multissemiótica contribui para a construção dos sentidos, e por meio de quais recursos e formatações.

É importante a leitura da obra Gêneros orais e escritos na escola, de Dolz e Schneuwly (1998) por todos os professores de Língua Portuguesa, estudantes de Letras e pesquisadores da área. Ela pode complementar o trabalho com gêneros textuais na escola, pois traz informações sobre o modo de pensar e fazer o ensino com gêneros, levando em consideração as dúvidas mais frequentes dos professores de língua portuguesa com relação aos gêneros textuais (orais ou escritos). O livro está organizado em três partes: teoria, método e prática respectivamente, garantindo uma melhor apreciação e entendimento da obra.

Referência Bibliográfica
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B.; DE PIETRO, J.-F.; ZAHND, G. A exposição oral. IN: B. SCHNEUWLY; J. DOLZ e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004[1998]. P. 215-246. Tradução e organização de R. H. R. Rojo e G. S. Cordeiro.


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