Uma das tarefas mais cobradas dos professores de hoje é o
trabalho com gêneros textuais. Nesse trabalho, é de extrema importância o
processo de ensino e aprendizagem dos gêneros orais formais públicos, pois eles
são um dos mais poderosos instrumentos de inserção social e de exercício da
cidadania.
Os gêneros orais formais públicos apresentam uma natureza
multissemiótica, pois envolvem muitos recursos ao mesmo tempo, como por
exemplo: a gestualidade, olhar, movimentação do corpo e expressividade facial. Um
mesmo gênero oral formal público pode apresentar formatos variados, e ainda é
possível perceber os recursos de estruturação textual e de estruturação
semântico-discursiva que, aparentemente, são pouco estruturados.
Os autores organizaram uma progressão do ensino constituída com
base no agrupamento de gêneros, levando em conta as diferentes possibilidades de
operações de linguagem. Procuraram construir com os alunos, instrumentos que levassem ao desenvolvimento das capacidades necessárias para a
apropriação dos gêneros agrupados.
De
acordo com Schneuwly e Dolz (1998) ), qualquer introdução de um gênero na escola é o resultado
de uma decisão didática, possuindo objetivos precisos de aprendizagem, que são divididos entre dois tipos: trata-se de
aprender a dominar o gênero para melhor conhecê-lo ou apreciá-lo, para melhor
saber compreendê-lo, para melhor produzi-lo na escola ou fora dela, e, em segundo lugar, de desenvolver capacidades que
ultrapassam o gênero e que são transferíveis para outros gêneros próximos ou
distantes.
Os autores desenvolveram um modelo didático da “exposição
oral” (seminário), explicando, selecionando e descrevendo suas características,
seus conteúdos e objetivos de ensino. Foram apresentadas
duas possíveis sequências didáticas do gênero “exposição oral” para
séries/ciclos diferentes. Eles sugeriram a utilização de sequências didáticas,
que foram elaborados para melhorar as práticas de linguagem, portanto, fundamentais
para o processo de apropriação dos gêneros.
Foi proposto que se deve trabalhar baseado na observação do
exemplar do gênero em questão; sistematização de suas principais
características; compreensão dos fatores que possibilitam sua compreensão
(intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade); conhecimentos prévios dos
alunos sobre o gênero; produção do gênero na sala de aula.
Portanto,
para o ensino de gêneros orais formais públicos, é necessário observar e
procurar compreender, para poder ensinar, como a sua natureza multissemiótica
contribui para a construção dos sentidos, e por meio de quais recursos e
formatações.
É importante a leitura da obra Gêneros orais e escritos na escola,
de Dolz e Schneuwly (1998) por todos os
professores de Língua Portuguesa, estudantes de Letras e pesquisadores da área.
Ela pode complementar o trabalho com gêneros textuais na escola, pois traz
informações sobre o modo de pensar e fazer o ensino com gêneros, levando em
consideração as dúvidas mais frequentes dos professores de língua portuguesa com
relação aos gêneros textuais (orais ou escritos). O livro está organizado em
três partes: teoria, método e prática respectivamente, garantindo uma melhor
apreciação e entendimento da obra.
Referência Bibliográfica
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B.; DE PIETRO, J.-F.; ZAHND, G. A
exposição oral. IN: B. SCHNEUWLY; J. DOLZ e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de
Letras, 2004[1998]. P. 215-246. Tradução e organização de R. H. R. Rojo e G. S.
Cordeiro.
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