terça-feira, 30 de abril de 2013

Trabalhando a variação linguística em sala de aula


        Trabalhar a variedade linguística na aula é muito importante, pois o aluno acaba refletindo e reconhecendo de maneira respeitosa os diferentes modos de falar, sendo levado perceber que a maneira de falar de alguém representa uma das mais fortes marcas de identidade social daquela pessoa, e que todas as variedades têm seu valor. O aluno poderá aprender a demonstrar uma atitude crítica e não preconceituosa em relação ao uso de variedades linguísticas.
     
         A Língua Portuguesa é uma unidade composta de muitas variedades, vivencia muitas transformações, mas traz em si a época e a classe em que o indivíduo vive, por essa razão, o ser humano deve estar consciente dessas variedades linguísticas e respeitá-las. Desta forma, podem ser propostas as seguintes atividades que possuem a duração de 2 horas/aula .

       
         Antes de propor a atividade, o professor deve criar uma discussão com os alunos sobre as questões históricas e sócio-comunicativas relativas à questão da diversidade linguística. Na 1ª aula, a primeira atividade será a busca na internet pela letra da canção "Assum Preto", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Depois de pesquisarem, os alunos irão acompanhar a música através da escuta e da sua leitura (disponível em: http://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/assum-preto.html). Em seguida, o professor deve pedir a manifestação dos alunos sobre o sentido do texto, debatendo sobre: de que se trata a música? Quais são as marcas de oralidade presentes na canção que acabam dificultando a compreensão? Quais os possíveis motivos da cegueira do pássaro?    
       
          Nesse debate, o esperado é que os alunos respondam que as marcas da oralidade não dificultam a compreensão do texto e que percebam que a letra da música se refere a um pássaro que teve seus olhos furados, pois, segundo a crença popular, seu canto soaria mais belo. Em seguida, os alunos devem ser levados para o laboratório de informática para pesquisarem sobre a biografia de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Após a conclusão da pesquisa, eles deverão formular e registrar no caderno hipóteses sobre o porquê da letra da música ter sido escrita com tal variante.
        Sabendo que Humberto Teixeira foi compositor e parceiro de Luiz Gonzaga (ambos nordestinos) na criação de muitas canções, além de advogado e deputado federal, eles perceberão que ela não foi escrita por uma pessoa com pouca escolaridade. Os estudantes deverão perceber que a intenção desse discurso é uma aproximação com a variante falada pelos sertanejos. E para finalizar, eles deverão transcrever a letra de acordo com a norma padrão.
         Na aula seguinte, a proposta é que os alunos pesquisem a letra do "Samba do Arnesto", de Adoniran Barbosa (disponível em: http://letras.terra.com.br/adoniran-barbosa/43968/). Depois de ouvir e ler a letra da canção, os alunos deverão explicar o que mais lhes chamou a atenção, e, provavelmente, irão falar da linguagem que para muitos está "errada". Para esclarecer o motivo dessa linguagem, eles pesquisarão sobre a biografia e a obra de Adoniran Barbosa e seu contexto de produção. Eles perceberão que Adoniran escrevia as letras nessa variante linguística não porque era analfabeto, mas porque pretendia reproduzir em suas letras o linguajar da população não-escolarizada. 
          
         O objetivo será alcançado se a aula contribuir para uma reflexão sobre o preconceito linguístico, quando certas variantes sociais são discriminadas com relação a outras. Como a avaliação, o professor pode pedir aos alunos que tragam para aula outras canções que sirvam de exemplo das diversas variantes da língua portuguesa. Eles poderão analisar as letras, sua construção estética, seu contexto cultural e social, para perceberem os objetivos comunicativos de tais canções.   
         
          As atividades descritas podem ser produtivas para aprender a língua padrão, para uma reflexão sobre as adequações linguísticas. Podem conscientizar os alunos de que quando se fala em Língua Portuguesa, está se falando de uma unidade que possui muitas variedades e cada uma dessas variedades (padrão e não padrão) possuem seus contextos de uso.

Referência Bibliográfica:                           

AMARAL, Wendell de Freitas. A variação linguística vista a partir de letras de música. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=19944>. Acesso em:  9 Jun 2012.


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