Não somente a Língua Portuguesa,
mas também o seu ensino está em constante evolução. A linguagem sempre teve uma
ligação direta com a arte, sendo considerada uma arte (beletrista ou belas
letras) a ser ensinada. No entanto, percebe-se que o ensino das letras mudou de
rumo, sendo seu ensino centrado em padrões e procedimentos, consequentemente, configurou-se
um currículo procedimental, baseado na Psicologia Cognitiva e na Linguistica
Textual, ao invés de um currículo comunicativo ou pragmático, como proposto na
década de 70.
Ao ensinar procedimentos que devem
ser respeitados e seguidos, por exemplo, na alfabetização, não se aprende a
compreensão, mas sim a decodificação de sinais. Percebe-se que atualmente o
grande foco do ensino de língua portuguesa está na gramática, muitos
professores dedicam a maior parte de suas aulas às normas, quando a ênfase deveria
ser na leitura e na escrita. Estão ensinando muitas coisas, mas não o
essencial: o domínio da linguagem. Nas
escolas não se produzem textos em que um sujeito diz sua palavra, mas simula-se
o uso da modalidade escrita, para que o aluno se exercite.
Na verdade, é preciso a formação de
indivíduos com capacidade de não apenas codificar sinais, mas sim formar
indivíduos no sentido de compreender aquilo que lê. Ser letrado na vida e na
cidadania é: escapar da literalidade dos textos e interpretá-los, colocando-os
em relação aos outros textos e discursos, de maneira situada na realidade
social; é discutir com os textos, e avaliando posições e ideologias que
constituem seus sentidos; significa trazer o texto para a vida e colocá-lo em
relação com ela.
São notáveis as grandes
transformações que a sociedade vem sofrendo em sua estrutura social, econômica
e política, estabelecendo novas relações sociais, passando a exigir da escola
formação de um novo aluno capaz de atuar na realidade social e transformá-la. Com
essas transformações a escola é desafiada a repensar seu papel diante o meio
social, formando alunos mais capazes para o desenvolvimento de habilidades
cognitivas e condutas que facilitem o enfrentamento de situações dinâmicas. Devendo
ter como meta a preparação do aluno para a comunicação em massa, para resolver
problemas práticos utilizando conhecimentos científicos, buscando sempre se
aperfeiçoar.
Neste contexto a escola deve
privilegiar o aprendizado da linguagem oral e escrita do aluno fazendo com que
o aluno vá interagindo com textos, filmes, dramatizações e pesquisas, pois
segundo Piaget (1993:58),
o conhecimento é construído a partir da
interação do sujeito com o objeto. O desenvolvimento cognitivo se dá pela
assimilação do conhecimento às estruturas anteriores presentes no sujeito e
pela acomodação dessas estruturas, em função do que vai ser assimilado. Para
Piaget, a criança se adapta de um conhecimento se agir sobre ele, pois aprende
a modificar, descobrir, inventar.
Portanto, a função do professor de
Língua Portuguesa é propiciar situações para que a criança construa seu sistema
de significação da língua, organizando-a na mente poderá se estruturar na
escrita ou na fala oral. Por isso o ensino da Língua Portuguesa deve ministrado
com base no seu uso e reflexão.
Segundo a proposta de Geraldi (1984,
p. 121-124.), a escola deve se tornar um espaço de produções de textos (e não
de redações) e, para tal, a primeira providência a tomar é dar aos textos um
destino (ainda que escolar) mais amplo que a mera correção do(a) professor(a).
Por isso, a proposta é trabalhar
com os tipos (narrativo, injuntivo (regras, leis), relatos, argumentações,
correspondências), num caderno de produções de textos, que, ao fim de um
período, se transformará numa antologia ou em um jornal periódico de circulação
escolar mais ampla.
Seguindo essa perspectiva, percebe-se
que a produção textual deve estar próxima das práticas sociais. Seu ensino deve
acontecer com base em gêneros textuais, sendo mais satisfatório, principalmente
quando se põe o aluno, desde cedo, em contato com uma verdadeira diversidade
textual, ou seja, com diferentes gêneros textuais que circulam socialmente.
Assim serão formados verdadeiros cidadãos capazes de transformar a realidade
social, assumindo uma postura intelectual transformadora, podendo ser
produtores do seu próprio conhecimento.
https://autoria.ggte.unicamp.br/unicamp-redefor/pages/public/main.jsf
GERALDI,
J. W. (Org.) O texto na sala de aula:
leitura e produção. Cascavel, PR: ASSOESTE, 1984[1981].
ROJO,
R. H. R. Letramento e capacidades de
leitura para a cidadania.
PIAGET, Jean. A Linguagem e o Pensamento da Criança.
São Paulo: Martins Fontes. 1993.
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